“Uma definição normalmente induz a pensar que o definiens merece uma atenciosa consideração. Por isso uma colecção de definições inclui a nossa escolha (choice) dos argumentos e o nosso juízo sobre o que é considerado mais importante.”
Russel, B. e Whitehead, A.,. Principia Mathematica, Cambridge, 1962, pp 11-12
“A retórica antiga reagiu nitidamente contra a obsessão socrática de definir tudo o que nos circunda e considerar a definição como principal tarefa do pensamento. Essa obsessão contagiou Platão, que também se convenceu de que a ideia fixa de se querer dizer de cada coisa ‘o que ela é’, ti esti, isto é, transformar cada pedaço de realidade num definiendum, fosse a coisa mais natural. (...) Mas não é preciso chegar às definições paradoxais para reconhecer a origem em grande parte retórica do processo de definir. (...) A lógica ocidental fez sua a dicotomia sancionada por Aristóteles no décimo capítulo do segundo livro dos Segundos Analíticos, pela qual todas as definições possíveis se reduzem a dois tipos: as nominais, que explicam o significado de um termo, como, por exemplo, que triângulo” significa um polígono com três lados; e as reais, que revelam a essência e o porquê de uma coisa, como, por exemplo, que ‘o trovão é o fragor das nuvens’. Mas poucos recordam que Aristóteles foi o primeiro a teorizar junto com a definição lógica também uma definição retórica. No segundo livro da Retórica, indica a definição como o sétimo dos lugares comuns retóricos (...)”
Plebe, A. e Emamuele, P., Manual de Retórica, S. Paulo: Martins Fontes, 1992, pp. 48-50
Resumindo...
Existem definições lógicas (sobre a verdade) e
definições retóricas (sobre o preferível).
A Retórica, reportando-se ao mundo do preferível, só pode ser definida... retoricamente.
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