É o estudo científico da linguagem. Como ciência, a Lingüística dedica-se a descrever e a explicar os fenômenos da língua, e não a formular instruções sobre determinados usos. A reflexão sobre os diversos aspectos da linguagem, seja de forma individual ou como escola lingüística, tem sido uma preocupação desde o século V a.C., na Grécia. A Lingüística moderna, porém, como disciplina acadêmica, é basicamente um produto do século XX. Ela tem ganho um impulso cada vez maior nas últimas décadas, despertando o interesse não só dos estudiosos, mas também do público em geral. Isso por sua ligação com outras ciências que procuram explicar o comportamento e a evolução do ser humano.
1. Breve história da Lingüística
O estudo dos fatos da língua, iniciado pelos gregos e seguido principalmente pelos franceses, era chamado genericamente de Gramática e buscava principalmente formular regras. A seguir veio a Filologia, que, comparando textos de diferentes épocas e decifrando línguas arcaicas, passou a se ocupar também da história literária e dos costumes de cada região. Assim foram se definindo a Gramática Histórica, chamada por alguns de Lingüística Histórica, e a Gramática Comparativa ou Comparada, também chamada de Lingüística Comparada. Esses ramos de estudo, no entanto, seguiam caminhos particulares, não se integrando para explicar os fenômenos lingüísticos.
Isso só foi possível mais tarde, por volta de 1870, quando os aspectos históricos, temporais e espaciais começaram a ser considerados como meios para compreendermos os fatos da língua. Surgiu assim, a Lingüística Geral, que viu na língua 'não um organismo que se desenvolve por si, mas um produto do espírito coletivo dos grupos lingüísticos', no dizer de Ferdinand de Saussure (1857-1913), considerado o fundador da Lingüística Moderna.
2. Lingüística geral
A lingüística geral é diacrônica e sincrônica:
• Lingüística diacrônica
Analisa um fenômeno lingüístico nos diferentes momentos históricos da língua a que pertence. Ao estudar a palavra ter, por exemplo, considera a sua etimologia, sua evolução fonética e os diversos significados e aplicações que vem tendo, de sua origem até a atualidade:
tenere > ter > teer > ter
• Lingüística sincrônica
Estuda a língua num momento histórico determinado, atual ou não. Na palavra ter analisa os elementos fonológicos, as características morfossintáticas e as diversas acepções que esta palavra assume na atualidade ou assumiu em outros momentos históricos.
3. Correntes da Lingüística
Os estudos lingüísticos no século XX tomaram rumos diversos nos vários países em que se desenvolveram, definindo escolas ou correntes teóricas. Cada uma dessas escolas privilegia um ou outro aspecto da linguagem. Entre elas, destacam-se:
• Gerativismo: procura mostrar a capacidade do falante-ouvinte de produzir e compreender um número infinito de frases que nunca tenha ouvido antes, mediante um número finito de regras e elementos que se combinam.
• Pragmatismo: aborda a relação do discurso que envolve o falante, o ouvinte e a situação comunicativa concreta em que ele é produzido. Sua unidade fundamental é o ato da fala, ou seja, a produção de uma determinada mensagem, em determinadas condições, com uma determinada intenção.
• Estruturalismo: entende a língua como um sistema articulado, em que todos os elementos estão interligados. É a posição estrutural do elemento que vai conferir-lhe o valor e a função.
4. Outras formas do estudo da linguagem
A linguagem não é só objeto científico da lingüística, mas também é ponto de partida e matéria de outras áreas do conhecimento, como as que focalizam o comportamento social e psicológico do ser humano:
• Sociolingüística: estuda as relações entre a língua e os comportamentos sociais. As mudanças por que passam as sociedades e que se refletem na evolução da língua.
• Psicolingüística: estuda a capacidade da mente humana de produzir e compreender a língua.
• Semiótica ou semiologia: estudo geral dos signos e sistemas de significação. Em razão da grande importância que tem o campo da comunicação humana, usa-se este termo para designar sistemas específicos: semiótica do cinema, da publicidade, de sistemas musicais, da literatura, entre outros.
• Dialetologia: procura conhecer as variantes lingüísticas de um território, seus limites e suas influências.
Variedades geográficas ou diatópicas
São as variantes de uma mesma língua que identificam o falante com sua origem tradicional. Podemos distinguir entre elas:
• Dialetos: variantes da língua comum utilizadas num espaço geográfico delimitado. O dialeto é o resultado da transformação regional de uma língua nacional (o idioma). O açoriano e o madeirense, por exemplo, são dialetos do português. Algumas línguas têm uma origem histórica comum. Mas por razões políticas ou econômicas uma delas ganhou status de língua, enquanto outras permaneceram como dialetos. As línguas românicas eram dialetos do latim.
• Falares: modalidades regionais de uma língua cujas variações não são suficientes para caracterizar um dialeto. Às vezes são apenas algumas palavras ou expressões ou mesmo certos tipos de construção de frases. A esse uso regional da língua também se dá o nome de regionalismo.
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